Os contornos da EDUCAÇÃO INCLUSIVA na perspetiva da lei e das respostas educativas
A Humanidade necessitou de percorrer séculos de existência para lograr o respeito pela vida e pela individualidade e especificidade de cada indivíduo, a par do sentido de responsabilidade coletiva pelo bem-estar e plena realização de todos e cada um, consubstanciando-se assim a afirmação da cidadania plena, entretanto proclamada pela Convenção dos Direitos Humanos. No plano educacional, constitui hoje base de atuações, na maioria dos países, o preceituado na Declaração de Salamanca, de 1994, onde se reconhece a necessidade e a urgência de garantir a educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades educativas especiais no quadro do sistema regular de educação. Mais se afirma que a adaptação a promover é a das escolas, através de uma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro das suas necessidades e potencialidades. A própria ciência foi comprovando que todas as crianças e jovens, independentemente das suas referências culturais ou das suas potencialidades e necessidades, progridem e devem aprender juntas. O avanço do conhecimento científico e técnico que baseia a intervenção diferenciada, as práticas inovadoras desenvolvidas e o investimento humano na educação inclusiva refletem a procura incessante de melhores atuações, a caminho da concretização do princípio da inclusão, nas escolas e na sociedade. Portugal, ao assinar, a par de numerosos outros países, a referida Declaração, tomou em mãos a tarefa da educação inclusiva, que paulatinamente vem concretizando. A Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti assumiu, desde 1990, a responsabilidade de ser parceira na procura da realização desse ideal, através da promoção do conhecimento científico, da habilitação de recursos humanos, e da construção de materiais e recursos tecnológicos especializados. Os docentes e os técnicos especializados por esta instituição desenvolvem atualmente uma meritória ação, de norte a sul do país, enquanto obreiros e observadores críticos do caminho percorrido. Obra sempre inacabada, apesar de em permanente evolução! O Departamento de Educação Especial e Psicologia, pela observação das ações implementadas no terreno, pelos dados colhidos na investigação que promove, pela escuta constante de anseios partilhados na formação que ministra, tem a perceção do sentimento implícito e explícito do quanto falta cumprir, no processo de construção da qualidade, no âmbito da inclusão educativa. É de importância capital continuar a alertar o pensamento que enforma a política educativa, o ambiente social geral, as instituições educativas, os gestores de educação e ensino, os professores, as famílias, as associações e demais organizações, para o facto de as especificidades em crianças e alunos infra ou supra dotados deverem ser identificadas o mais cedo possível, promovendo-se uma educação de qualidade para todos, seguindo uma orientação inclusiva. A publicação deste número da Revista Saber & Educar, de natureza temática, tem isso em vista. As pesquisas e experiências relatadas, os modelos, metodologias e recursos descritos, oferecem contributos significativos para novo impulso.
Os diferentes artigos apresentados, permitem ao leitor ter acesso a:
i) Estratégias e práticas diferenciadas que possibilitam aprendizagens enriquecidas, disponíveis em:
ii) Um modelo organizativo e funcional que potencia práticas educativas inclusivas, apresentado em:
iii) Abordagens pedagógicas específicas para alunos com dislexia, em diferentes níveis de ensino, descritas em:
Os jogos de (e com) palavras como resposta educativa a crianças com dislexia: algumas propostas
Dislexia no Ensino Secundário/Superior: Avaliação, Intervenção e Reeducação Pedagógica
iv) Dados sobre uma relação colaborativa no seio da comunidade educativa, apresentada em:
v) Experiências de diferenciação e inclusão bem-sucedidas, relatadas em:
Diversidades do aprender na escola nova de A. Faria de Vasconcellos, pioneiro da educação do futuro
Sobre ombros de gigantes: uma visão contextualizada da ciência pelos alunos do Ensino Fundamental II
vi) Resultados obtidos em contextos de investigação em linguagem, descritos em:
vii) Descrição de atitudes e contributos significativos da família, apresentados em:
Atitudes dos pais em relação à inclusão: Contributos de um estudo quantitativo
Envolvimento participativo de famílias no processo de apoio em Intervenção Precoce na Infância
Crianças Sobredotadas, Posição da familia e comunidade no plano educativo
VARIÆ
Violência Conjugal: Crenças de Atuais e Futuros Profissionais, Implicados na sua Resposta e Prevenção – Direito, Saúde e Educação
Bioética e promoção da saúde docente na educação superior: uma interface necessária
Sumário
Editorial
José Luís Gonçalves
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6-7
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Artigos S&E
Carlos H. Barroqueiro, Márcia E. S. Barroqueiro, Rosa A. Dias
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12-21
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Adriana Moreira, Karine Silva, Mariely Lima
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22-35
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Liliana Paredes, Mafalda Frias, Luís Alcoforado, Marcelino Pereira, A. M. Rochette Cordeiro
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36-47
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Catarina Mangas
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48-57
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Marisa Silva, Helena Serra
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58-69
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Raquel Batista de Oliveira, Maria da Graça Amaro Bidarra, Maria Piedade Vaz-Rebelo
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70-79
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Lúcia Maria da Silva Ferreira, Ana Paula Lapa Cotovio, Carlos Meireles Coelho
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80-89
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Bertholdo Mauricio Costa, Barbara Celestino Schwartz, Marcelo Dumont
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90-99
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Rosa Maria Lima, Ana Mafalda Lopes
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100-111
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Paulo C. Dias, Ana Rita Leal, Pedro Flores, Julian Diáz
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112-121
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Marisa Alexandra Maia Machado, Paula Ângela Coelho Henriques dos Santos, Marilyn Espe-Sherwindt
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122-137
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Zenita Guenther
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138-151
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Variæ
Paula Cristina Cabral, Francisco Javier Rodríguez-Díaz
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152-167
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Ivani Nadir Carlotto, Maria Alzira Pimenta Dinis
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168-179
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