n. 28 (2020)

Oportunidades e desafios em Educação Matemática

No panorama nacional e internacional, reiteradamente somos confrontados com recomendações e orientações curriculares para a Matemática que, de modo ambicioso, estabelecem finalidades e objetivos educacionais, pretendendo que o sucesso de crianças e jovens nesta área tradicionalmente problemática esteja efetivamente ao alcance de todos. Os últimos resultados do PISA 2018 evidenciam os resultados atingidos pelos alunos portugueses na área de Matemática, em linha com os 492 pontos alcançados na edição anterior e três pontos acima da média dos países da OCDE (489 pontos). Numa análise mais generalizada, da responsabilidade do IAVE, desde 2003 que se assiste em Portugal a um crescimento significativo de seis pontos, contrariando a tendência ligeiramente negativa (menos 0,6 pontos) registada no conjunto dos países da OCDE em igual período. Em Espanha, os resultados apurados pelo PISA apontam, a partir de 2015, para uma inversão da tendência positiva que se registava desde 2006, verificando-se neste país, em 2018, níveis semelhantes aos registados na Lituânia e na Hungria. Quando se alarga esta análise a outras latitudes (continente americano e asiático, por exemplo), ressalta a estagnação (desde 2000) no nível de desempenho dos estudantes norte-americanos, destaca-se a persistência de níveis abaixo da média da OCDE no Brasil, Argentina e Panamá e continuam a sobressair, pela positiva, os resultados atingidos por China e Singapura em provas internacionais.

A par da multiplicação de propostas curriculares de intervenção específica, da implementação de projetos de intervenção de natureza intra ou interdisciplinar, do desenvolvimento de experiências pedagógicas devidamente enquadradas e da valorização e disseminação de boas práticas matemáticas assiste-se, concomitantemente, a uma notável produção investigativa centrada nos múltiplos aspetos implicados no ensino e na aprendizagem desta área disciplinar.

As dinâmicas e os resultados comprovados por este binómio formação-investigação criam condições que não poderão nem deverão ser negligenciadas por professores e decisores, nomeadamente pelos benefícios que possam significar na ainda necessária desconstrução ideológica de que pensar matematicamente é só para alguns, crença infundada epistemológica, praxeológica e até axiologicamente. Importa, pois, disseminar contributos e dinâmicas emergentes da investigação sobre contextos e práticas pedagógicas favoráveis à sua aprendizagem e reveladores de apropriação significativa deste tipo de conhecimento, bem como identificar desafios que lhe são colocados nos atuais cenários socioeducativos e fatores críticos que pareçam comprometer a sua aprendizagem e, por consequência, a eficácia do seu ensino.

Desejando contribuir para o reforço do corpus de conhecimento pedagógico-didático desta área – no âmbito do saber próprio desta disciplina e dos seus conteúdos, focado nos seus métodos e estratégias específicos, resultante de abordagens de cariz inovador, decorrente da utilização de recursos didáticos ou orientado para práticas e instrumentos destinados à sua avaliação, por exemplo –, neste número 28 da revista Saber e Educar convidamos investigadores interessados a partilhar pesquisas produzidas em/sobre Educação Matemática que possam estimular a adoção e concretização de propostas cientifico-pedagógicas consistentes, potenciando, por essas vias, a melhoria da qualidade das aprendizagens de natureza lógico-matemática e do seu ensino.

Organização deste número temático:

Isabel Cláudia Nogueira (Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti) e Teresa Férnandez Blanco (Universidad de Santiago de Compostela)

Sumário

Editorial

José Luís Gonçalves
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Nota introdutória

Isabel Cláudia Nogueira, Teresa Férnandez-Blanco
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Artigos S&E

Ángel Alsina
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Christof Schreiber
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Teresa Bixirão Neto, Lúcia Pombo
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Nuno Crato
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Teresa Fernández-Blanco, Valeria González-Roel, Antía Álvarez Ares
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Maria Fátima de Assis Paulo
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Variæ

Luís Rothes, João Queirós
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