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S A B E R & E D U C A R 3 0 / 2 0 2 1 : O P R E S E N T E D O F U T U R O D A I N F Â N C I A

“ELES TÊM MAIS DE UM MILHÃO ESPALHADOS PELO MUNDO”: NARRATIVAS DE CRIANÇAS NA E

SOBRE A PANDEMIA

Paulo Sergio Fochi

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos / Programa de Pós-Graduação em Educação


Jéssica Deisiane Scherer

Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS


Marjori Andressa Berres Dieter

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos / Licenciatura Pedagogia


Alciléa de Souza Fazzi

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos / Programa de Pós-Graduação em Educação


Mariley Ferreira Gomes

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Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos / Programa de Pós-Graduação em Educação


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Resumo:


A pandemia causada pelo coronavírus ficará marcada na história. As medidas de saúde para conter seu avanço, orientadas pela OMS, foram drásticas, o que acarretou uma mudança nas relações entre as pessoas. Neste trabalho, objetivamos ouvir as narrativas das crianças de diferentes regiões do Brasil a respeito de suas experiências na e sobre a pandemia da Covid-19. Apoiados pelas contribuições dos estudos de Oliveira- Formosinho & Araújo (2008a); Oliveira-Formosinho & Araújo (2008b); Oliveira-Formosinho & Lino (2008) e Cruz (2008) a respeito da escuta das crianças, foi realizada entrevista com 17 crianças de 4 a 8 anos. A partir deste estudo, compreendemos que as crianças, além de perceberem a situacionalidade em que nos encontramos, apontam perspectivas a respeito de um possível tempo pós pandemia.


Palavras-chave:

Pandemia; Covid-19; Entrevista com crianças; Perspectivas das crianças.


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DATA DE RECEÇÃO: 22/07/2021

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DATA DE ACEITAÇÃO: 21/10/2021

Abstract:


The pandemic caused by the coronavirus will go down in history. Health measures to contain its progress, guided by the OMS, were drastic, which brought about a change in the relationships between people. In this article, we aim to hear the narratives of children from different regions of Brazil about their experiences in and about the Covid-19 pandemic. Supported by the contributions of the studies by Oliveira-Formosinho & Araújo (2008a); Oliveira-Formosinho & Araújo (2008b); Oliveira-Formosinho & Lino (2008) and Cruz (2008) about listening to children, an interview was carried out with 17 children from 4 to 8 years old. From this study, we understand that children, in addition to understanding the situation in which we find ourselves, point out perspectives regarding a possible post-pandemic time.


Keywords:

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Pandemic; Covid-19; Interview with children; Children’s perspectives.


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Introdução

Os anos de 2019, 2020 e 2021 ficarão marcados na his- tória devido à pandemia da Covid-19. As medidas de saúde para conter o avanço de um novo coronaví- rus, orientadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foram drásticas, o que acarretou mudanças nas relações entre as pessoas. O mundo se viu conec- tado virtualmente para quase todas as interações. As rotinas foram afetadas, famílias não puderam se reunir, comércios e escolas foram fechados de modo a proteger a saúde da população mundial.

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As crianças, apesar de serem apontadas como o gru- po menos afetado pelos sintomas graves da Covid-19 (mesmo não estando isentas de contrair o vírus) (Frei- tas et al., 2021), foram privadas de estabelecer impor- tantes relações, essenciais em seu desenvolvimento. Alguns autores, como Wang et al. (2020) abordaram a importância das crianças entenderem sobre esse mo- mento e serem informadas das razões de terem de fi- car confinadas. Ainda, documentos oficiais, como o relatório da UNICEF (2021), apontam os impactos da pandemia na aprendizagem, principalmente no que se refere ao acesso à educação de crianças e jovens em vulnerabilidade, o que acentua ainda mais as desi- gualdades no Brasil.

Mesmo havendo uma razoável bibliografia acerca do tema da pandemia da Covid-19, poucos são os traba- lhos que trazem à tona as percepções das crianças a respeito deste momento. Sendo assim, este artigo tem como objetivo ouvir as narrativas das crianças a res- peito de suas experiências na e sobre a pandemia. Para tal, buscamos auxílio nas contribuições de Oliveira-

-Formosinho & Araújo (2008a); Oliveira-Formosinho & Araújo (2008b); Oliveira-Formosinho & Lino (2008) e Cruz (2008) a respeito da escuta das crianças, de modo a elaborar uma entrevista com crianças de 4 a 8 anos sobre as suas experiências na e sobre a pandemia.

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, intencio- namos, na medida em que as narrativas e hipóteses das crianças foram ouvidas e respeitadas, compreen- der suas visões de mundo e as relações que nele e com ele se estabelecem, dando voz às suas subjetividades. Lembrando ainda, que os resultados não podem ser generalizados para a população de crianças brasilei- ras, mas se constituem como importantes fontes para refletir acerca dos sentidos que as crianças atribuem à pandemia da Covid-19.

A respeito das pesquisas com crianças, algumas auto- ras como Oliveira-Formosinho & Araújo (2008a); Oli-

veira-Formosinho & Araújo (2008b); Oliveira-Formosi- nho & Lino (2008) e Cruz (2008), se opõem a uma visão adultocêntrica nos modos de fazer pesquisa, onde a voz do adulto é referência para falar da infância e da sua re- lação para com a sociedade. Assim, concordamos com as autoras quando escrevem que as entrevistas com crianças são um “meio privilegiado para aceder e com- preender as suas perspectivas”. (Oliveira-Formosinho & Araújo, 2008a, p. 14). Nesse sentido, a criança é vista “como uma pessoa com agência, que lê o mundo e o interpreta, que constrói saberes e cultura, que partici- pa como pessoa e como cidadão na vida da família, da escola e da sociedade”. (Oliveira-Formosinho & Araú- jo, 2008b, p. 33). Com isso, entendemos de alta rele- vância escutar a perspectiva das crianças em relação à pandemia causada pela Covid-19, seus sentimentos, emoções e expectativas de um futuro não pandêmico.


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A pandemia e as crianças

Em meio às drásticas mudanças causadas pela Co- vid-19, as crianças tiveram que ser retiradas do con- vívio escolar abruptamente e passaram a viver uma rotina que fomentou formas diferentes de relacio- namento com as outras pessoas. Repentinamente, o tempo e os espaços tiveram que ser redimensionados, as demonstrações de afeto foram alteradas, contato com familiares, amigos e colegas se restringiram. Es- tudos como o de Freitas et al. (2021) abordaram reper- cussões emocionais e comportamentais da pandemia da Covid-19 na infância e adolescência, apontando que este contexto tem produzido impactos sobre sua saúde mental e comportamental.

O Núcleo Ciência Pela Infância - NCPI, que reúne pes- quisadores da Universidade de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas e da Universidade de Harvard, publicou um artigo onde apontou que as medidas de distancia- mento social no contexto da pandemia, embora extre- mamente necessárias para diminuir a circulação do novo coronavírus, trouxeram efeitos colaterais para a sociedade em geral (Manitto et al., 2020). Tais efeitos

- como o aumento do desemprego, cortes salariais e a consequente diminuição da renda - afetam de forma direta as crianças, que acabam ficando mais expostas a estas consequências uma vez que convivem com adul- tos sob estresse em um mesmo domicílio, aumentando a tensão psicológica no contexto familiar e fragilizando os vínculos afetivos, tão necessários ao crescimento e desenvolvimento infantil (Manitto et al., 2020)

Estudos como o de Muratori & Ciacchini (2020) apon- tam que esta complexa situação causada pelo isola- mento social pode afetar a saúde mental das crianças, levando à depressão e ansiedade, bem como proble- mas de agressividade. Wang et al. (2020) destacam que devido ao prolongado tempo de quarentena as crianças e adolescentes podem se sentir estressadas, desencadeando outras questões, tais como: medo de se infectar, sentimentos de frustração e tédio, falta de colegas da escola, amigos e professores.

Por um outro lado, um estudo com crianças de 0 a 3 anos identificou que mais de um terço dos cuidadores tiveram mais tempo e boas oportunidades de convi- vência, além da possibilidade de acompanhamento mais próximo às crianças durante o isolamento so- cial. Porém, um outro dado que aparece no estudo foi a respeito da presença significativa das telas (TV, ta- blets, celulares) durante esse período para preencher o tempo das crianças em casa (Fundação Maria Cecilia

Souto Vidigal, 2021). Como já é sabido há muito tem- po, essa exposição excessiva a telas afeta fortemente às crianças desta faixa etária tanto em questões rela- cionadas à fala como em relação à ansiedade, irritabi- lidade e dependência.

Nos trabalhos encontrados versando sobre crianças/ infância e pandemia, percebemos a ausência da voz das crianças. O que temos é sempre a perspectiva dos adultos (familiares e cuidadores) sobre a experiência das crianças durante a pandemia.

Em levantamento realizado no site Scielo (Scientific Eletronic Library Online) com os descritores criança e pandemia, ou, infância e pandemia, observamos que parte dos estudos (Freitas et al., 2021; Sá et al., 2021; Muratori & Ciacchini, 2020) tratam de questões relacionadas à saúde, tanto física quanto mental, das crianças durante a pandemia. Já outros (Laguna et al., 2021; Paludo, 2020) realizam um olhar a partir da perspectiva pedagógica, mas principalmente so- bre os desafios que o docente enfrenta durante o pe- ríodo pandêmico.

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O que se pode perceber é haver um acento na visão do adulto em relação à pandemia e a infância. Sabemos da importância de estudos desta natureza, porém, diante deste cenário, nossa escolha foi por escutar as crianças a respeito da pandemia para permitir que fosse criado um espaço de diálogo sobre a situação e também para que suas ideias e perspectivas possam ser consideradas na produção de subjetividades que estamos fazendo como produção de conhecimento.

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Pesquisa com crianças

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Oliveira-Formosinho & Araújo (2008a) nos esclarecem que até as últimas décadas do século XX as crianças foram vis- tas por duas cenas. Uma enfatizava a sua vulnerabilida- de, dependência e inocência e a outra as retratava como sendo uma ameaça para si e para a sociedade. Já uma perspectiva pós-moderna, acentua a noção de uma dife- rente visão da infância, qual seja: de uma criança “ativa e co-construtora de significado, [...] possuidora de uma voz própria, que deverá ser seriamente tida em conta, envolvendo-a num diálogo democrático e na tomada de decisão”. (Oliveira-Formosinho & Araújo, 2008a, p. 16). Essa segunda perspectiva, de criança agente, está es- tritamente relacionada às ideias de James (2019, p. 221) quando escreve que a pesquisa com crianças “não é simplesmente ou apenas deixar as crianças falarem; trata-se de explorar a contribuição única que as pers- pectivas das crianças podem proporcionar à nossa com- preensão e teorização acerca do mundo social”. Neste estudo, assumimos uma visão de criança capaz de criar seus mapas mentais, produzir significados e narrar so- bre sua experiência.

Com relação especificamente às entrevistas com crian- ças, algumas considerações merecem destaque. Olivei- ra-Formosinho & Araújo (2008a) apontam que o contex- to deve ser um local familiar para a criança, onde ela se sinta à vontade e segura para expressar suas opiniões, pois isso influenciará a forma como responde às inter- rogações. Já a respeito da atuação do entrevistador, as autoras compreendem que este deve compartilhar com as crianças suas próprias perspectivas e ideias, estabe- lecendo proximidade com o entrevistado e dissolvendo uma ideia de hierarquia entre adulto e criança. Ainda, a realização da entrevista em duplas ou grupos é mais aconselhada, pois se tratando de um formato já conhe- cido pela criança, ela tende a se sentir mais confortável compartilhando suas perspectivas. Assumir uma postu- ra flexível frente às interrogações das crianças também é um aspecto importante, bem como perceber quando a criança se sente inibida ou desconfortável com alguma pergunta (Oliveira-Formosinho & Araújo, 2008a).

São estas as ideias que procuramos adotar ao tratar da pes- quisa com crianças neste estudo, pois estamos interessados em seus enunciados, narrativas e percepções acerca de si e do mundo, especificamente no que tange suas relações, senti- mentos e compreensões sobre este momento pandêmico.

Contextos, sujeitos e acordos éticos

Por constituirmos um grupo multicultural de pesqui- sadores, as crianças entrevistadas também correspon- dem a esta pluralidade de localidades brasileiras, ou seja, vivem em diferentes regiões do país, a saber: sul, centro-oeste e norte, envolvendo os estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Pará. Os sujeitos entre- vistados são de grandes centros urbanos e de cidades pequenas; são crianças oriundas de famílias ribeiri- nhas e de diferentes classes sociais. Ao todo, foram entrevistadas 17 crianças (10 meninas e 7 meninos) en- tre 4 e 8 anos em espaços escolares e na igreja.

Elaboramos um Termo de Consentimento Livre e Es- clarecido que foi assinado pelos responsáveis de cada criança, esclarecendo os objetivos da pesquisa, bem como as perguntas da entrevista. Também foi infor- mado que os diálogos entre pesquisadoras e crianças seriam gravados em áudio, que a privacidade das crianças seria preservada e que a sessão seria encer- rada caso alguém demonstrasse algum desconforto. Nesse sentido, destacamos que este estudo está basea- do no Código de ética desenvolvido pela European Early Childhood Education Research Association (EECERA, 2014).


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A entrevista

De modo a concretizar nossos objetivos a respeito da escuta das crianças, elaboramos um roteiro de perguntas para guiar a entrevista1, a saber:


  1. Alguém sabe dizer por que estamos usando máscaras?

  2. Você sabe o que é pandemia / coronavírus?

  3. E você tem alguma ideia de como poderia solucionar esse problema?

  4. O que você fez durante todo esse tempo que não deu pra ir para escola?

  5. E agora, o que você está fazendo?

  6. Você lembra o que sentia durante esse período que não pode ir para a escola?

  7. E agora, o que você sente?

  8. Você sentiu falta de alguma coisa durante esse período que não pode ir para a escola?

  9. E agora, você sente falta de algo?

  10. Você acha que um dia vai acabar a Pandemia?

  11. Como você imagina que o mundo será quando acabar a Pandemia?


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Asentrevistasforampreviamenteplanejadas.Entramos em contato com as famílias e escolas explicando todos os procedimentos da entrevista, entregamos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os responsáveis das crianças e agendamos a data e hora da entrevista. Os momentos foram conduzidos por quatro pesquisadoras que dialogaram, cada uma, com grupos de 3 a 4 crianças, de forma presencial em um ambiente preparado para esse momento, respeitando os protocolos de prevenção à Covid-19. Assim, três entrevistadoras realizaram a pesquisa em escolas e uma no ambiente comunitário da igreja.

Conforme os estudos de Oliveira-Formosinho & Araújo (2008a), a entrevista semi estruturada é considerada a maneira mais adequada a ser realizada com crianças, o que abriu espaço para perspectivas imaginativas e que foram além das perguntas previamente definidas, buscando deixar as crianças confortáveis e livres para articular suas ideias e perspectivas. Por fim, cada menina e menino foi convidado a realizar um desenho a partir da conversa para, posteriormente, dialogar sobre sua produção.


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Análise dos resultados

Após realizarmos as entrevistas, cada pesquisadora fez a transcrição dos áudios gravados e decidimos manter as expressões das crianças tal como foi narrada por elas. Para preservar o anonimato, utilizamos nomes fictícios seguidos da idade das crianças.

A partir de uma análise flutuante a respeito das trans- crições das respostas, percebeu-se três categorias emer- gentes, a saber: i) visões das crianças sobre a pandemia e o coronavírus; ii) emoções e sentimentos delas durante esse pe- ríodo e iii) ideias de futuro que as crianças têm em relação ao pós-pandemia. Nesse sentido, a seguir discutiremos a respeito de cada uma destas categorias articulando as respostas obtidas com as crianças e o quadro referencial do nosso estudo.


  1. Visões sobre a pandemia e o coronavírus

    Para iniciar a conversa perguntamos às crianças se elas sabiam por que estávamos usando máscaras. Elas prontamente trouxeram respostas como “Principalmente pra ninguém pegar Covid, porque isso é ‘transmitível’” (Jordana

    - 8a); “Porque o coronavírus tá a solta” (Adão - 6a); “Porque sem máscara, quando uma pessoa espirra perto de você, você pode pegar o coronavírus”. (Victor - 8a). Esses comentários de- monstram uma excelente compreensão por parte das crianças quanto a utilização da máscara e do momento em que nos encontramos, pois como sabemos, de acor- do com a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2020), a utilização de máscaras é uma das estratégias para evi- tar a transmissão do vírus e salvar vidas.

    Já as perspectivas das crianças a respeito do coronavírus e da doença Covid-19, foram: “É uma doença bem grave que se pegar tem que ficar internado por bastante dias. E quem não se tratar bem já morre em três dias se pegar(Matheus - 7a); “Os vírus são tipo umas bactérias; uns mini monstros. Eles têm mais de um milhão espalhados pelo mundo”. (Jordana - 8a). Apesar de não terem feito distinção entre vírus e bactérias, em uma pesquisa realizada por Folino et al. (2021) que entre- vistou 20 crianças cariocas, via plataformas digitais, as crianças também utilizaram esses termos como sinôni- mos. Algumas crianças que entrevistamos estão cons- cientes que a doença é transmitida pela respiração, causando complicações no sistema respiratório como tosse, pois relataram que “o corona é uma bactéria que entra


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    1 – Esse roteiro não necessariamente foi seguido tal qual consta aqui, mas serviu como guia comum entre as pesquisadoras.

    pelo nosso respiratório e não deixa a gente respirar. Daí a gente tosse, muita tosse”. (Adão - 6a). Conforme a Organização Pan-Americana da Saúde, “O vírus pode se espalhar pela boca ou nariz de uma pessoa infectada em peque- nas partículas líquidas quando a pessoa tosse, espirra, canta, respira pesadamente ou fala”. (OPAS, 2020, p. 3). As crianças também fizeram relação com suas per- cepções cotidianas, associando a desenhos ou objetos, como nesse exemplo: “Ele é um bicho; é tipo uma bola em es- pinho de fazer massagem nas costas.” (Diogo - 5a).

    Tanto as razões sobre o uso da máscara como o signifi- cado dado pelas crianças a respeito do coronavírus e da Covid-19 mostram que a compreensão construída por elas a respeito da situação em que vivemos é bastante coerente e pertinente para o momento. Além disso, entendemos que esta é uma evidência de que as crian- ças precisam ser escutadas pois, como sujeitos ativos e históricos, participam dos seus contextos e atribuem sentidos sobre.

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    As hipóteses das crianças sobre como solucionar a pan- demia foram concretas, como: “Se cuidando, usando álcool em gel, ficar dentro de casa, não ficar em lugar cheio de gente, não visitar pessoas com gripe” (Victor - 8a); “A gente tem que nos cuidar e passar álcool sempre quando chega de casa ou de al- gum lugar.” (Angelo - 6a). A solução advinda da vacinação também foi algo mencionado como agente para acabar com a pandemia: “[...] mas tem que tomar as vacinas que precisam, mas se alguém chorar não tem problema porque já vai passar”. (Danilo - 4a). Além deste tipo de resoluções que coadunam com aquelas consideradas oficiais, também encontramos narrativas de uma outra ordem: “Com es- cudo de gel, com uma armadilha, um tanque de gel” (Adão - 6a); “E pisar no coronavírus depois [...] Pisar ao mesmo tempo usando máscara”. (Giovana - 5a). A imaginação, como muito bem já destacou Vygostky (1998), se caracteriza como uma função superior e está intimamente ligada à experiên- cia que a criança vive nos diferentes ambientes que par- ticipa. Nesse sentido, a imaginação também é uma ati- vidade que possibilita a construção do conhecimento e, por isso, a transformação da realidade.

    Além de soluções, foram apontadas considerações que se vinculam aquelas dadas pelos órgãos governamen- tais sobre cuidados com a Covid-19: “[...] E também porque é ordem do governo. E também é pra se proteger porque é pra ficar bandeira branca e é pra todo mundo se vacinar; pra todo mundo ficar protegido” (Jordana - 8a), “A prefeitura vai matar o coro- navírus” (Diogo - 5a); “Mas primeiro precisa começar pelos mais velhos, indo para os mais novos. Porque com os mais velhos, acon- tece muito mais coisas com eles quando eles pegam Covid [...] Os velhos ficam mais parados, mas as crianças ficam correndo. É isso o bom das crianças! As crianças ficam correndo e os Covids não são

    tão rápidos; eles são meio devagar porque eles são pequenininhos [começa a rir]”. (Jordana -8a). Aqui, além de se referirem sobre os protocolos adotados para distanciamento so- cial, também recorrem à imaginação para determinar quem poderá eliminar o coronavírus ou qual a explica- ção da priorização da vacinação.

    Como podemos notar, as crianças têm uma nítida no- ção do que vivemos e de que modo devemos enfrentar tal situação. Além disso, também percebemos o modo que recorrem aos recursos lúdicos e imaginativos como possibilidade de produzir novas possibilidades. A respei- to disso, Dewey (2002) destaca que as crianças produzem significados e sentidos através dos vínculos práticos e emocionais. Assim, a ludicidade, a imaginação e a fan- tasia são processos simbólicos e narrativos que as crian- ças se valem para estabelecer uma construção do real.


  2. Emoções e sentimentos

    Quando questionadas sobre os sentimentos durante o período que não podiam ir às escolas, uma parte das crianças trouxe respostas como: “Eu ficava com muita sau- dade da minha professora, da escola e de brincar com meus amigos [...] Muito triste” (Isamara - 8a); “Eu sentia falta da escola, e do planeta todo, e da natureza, e da árvore e da Mel”. (Giovana - 5a). Já outras crianças relataram que gostaram de ficar em casa: “A gente se sentia legal; a gente ficava se divertindo” (Giovana - 5a); “Eu se senti bem, porque tenho tapete muito legal que tem muitas cidades, da para brincar de carrinho, se divertir”. (Danilo - 4a).

    As autoras Presa, Ville e Staszczak (2020) apontam que no primeiro momento do isolamento social as crianças ficaram aliviadas de não terem que acordar cedo para ir à escola, porém com o passar dos dias estavam angus- tiadas pelo isolamento da quarentena e confinamen- to que as impediram de se divertir na rua. Em nossa conversa com as crianças essa duplicidade de sensações também foi manifestada. Houve demonstração de con- tentamento pelos momentos de diversão que vivencia- ram na companhia dos pais, familiares e animais de estimação em seus lares: “A gente ficou em casa se divertindo com o pai e a mãe” (Giovana - 5a); “Eu brincava com meu irmão, fazia dever de casa e assistia televisão” (Victor - 8 anos); “Eu fiz coisas muito legais. Eu fiquei jogando, olhando TV, dormindo, co- mendo, brincando com meu cachorro”. (Matheus - 7a).

    A partir destas respostas, entendemos que há duas con- siderações importantes a se fazer: a primeira é que o círculo social expandido das crianças se dá nos espaços escolares e, uma vez que elas estejam impedidas de fre- quentá-lo, a sua socialização é fortemente afetada; a segunda, a presença dos pais e a mudança de ritmo de vida das famílias possibilitou que as crianças estives-

    sem mais próximas dos seus familiares e transformas- sem suas casas em territórios de brincadeiras.

    Aqui, o que parece contraditório - o valor de frequentar a escola e o valor de estar em casa com os familiares - emerge como uma possibilidade mais dialógica, o que nos dá algumas pistas importantes a respeito da necessi- dade das rotinas exacerbadas que crianças e adultos vêm vivendo nos últimos anos se transformarem. A respeito deste aspecto, é importante lembrar um valoroso desta- que que Malaguzzi (2001) fez ao questionar de que modo a produção do conhecimento iria sublinhar os ritmos e temporalidades da vida como oposição e resistência aos ritmos e temporalidades impostos pelo capital.

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    Mas também ficou evidente que apesar de as crianças terem gostado de ficar em casa, houve momentos de frustração e tédio manifestados nas falas em que elas não podiam sair de casa, brincar com outras crianças ou mesmo realizar passeios. “Eu sentia tédio, não aguenta- va mais ficar em casa. Não tinha nada pra fazer” (Luana - 7a); “Eu ficava longe dos meus amigos, não ia pra rua”. (Iara - 5a). Esses estresses são esperados, conforme mencionado anteriormente, à medida que houve uma mudança significativa na rotina e muitos impeditivos de uma vida social foram interpelando a vida de todos. A esse respeito, destacamos que em um estudo realizado com 320 crianças e adolescentes de ambos os sexos na Chi- na, também ficou evidenciado estresses como irrita- bilidade, distração e medo de fazer perguntas sobre a Covid-19 (Jiao et al., 2020).

    As crianças também foram questionadas sobre as suas ocupações durante o período de isolamento social em que não frequentaram a escola, sendo algumas delas: “A gente pode se divertir aprendendo coisas com os pais e apren- dendo com a aula Zoom” (Alcimara -7a); “Eu brincava com meu irmão, fazia dever de casa e assistia televisão”. (Victor - 8a). A percepção sobre a mudança do ambiente escolar é no- tória para todas as crianças, enquanto algumas mani- festaram apreço a essa alternativa de aulas remotas, outras também mencionaram seu desconforto: “O bom é que eu podia ficar em casa fazendo várias coisas, mas o ruim é que eu não aprendia nada”. (Jordana - 8a).

    Segundo Rondini, Pedro e Duarte (2020), a pandemia impôs desafios à prática docente, mas ao mesmo tem- po possibilitou novas formas de desenvolver o trabalho pedagógico. No entanto, não podemos negar que este tipo de alternativa de atividades escolares, especial- mente para o público alvo desta pesquisa (crianças de 4 a 8 anos), não se mostra uma alternativa eficiente. Além de não atender ao modo como crianças aprendem e constroem conhecimento (que está intimamente li- gado à dimensão social, corporal e do encontro com as

    outras crianças), acaba expondo-as a muitas horas em telas. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2019) aponta que o uso indiscriminado das telas por longas horas, além do acesso a uma gama de programações inapro- priadas à idade das crianças, podem causar alterações no curso do desenvolvimento infantil e ao adoecimen- to psíquico das crianças. Isso é preocupante, uma vez que há riscos para transtornos de saúde mental e problemas comportamentais, como ansiedade, irrita- bilidade, tristeza, entre outros. Todas essas questões atreladas ao fator do isolamento social requerem aten- ção por parte da família e da escola às crianças.

    Também surgiram sentimentos de saudade de entes queridos que faleceram durante a pandemia, ou antes dela: “Eu sinto falta do meu vô também. Você sabia que meu vô morreu por causa que ele pegou coronavírus?” (Giovana - 5a); “Eu senti falta da minha vó Cira porque ela morreu. Ela mor- reu porque tava muito doente”. (Diogo - 5a). Nestas respos- tas, a morte de familiares foi uma questão recorren- te, mesmo que o falecimento não tenha ocorrido pela Covid-19. Casellato (2015) aborda que a falta de entes queridos e também de animais de estimação são com- preendidos como um enlutamento que as crianças es- tão passando e isso não deve ser negligenciado, sendo importante que se considere suas demonstrações de tristeza e saudade.

    Atrelado a essa sensação de saudade dos entes queri- dos, há também o sentimento de cuidado e preocupa- ção com o próximo, manifestado em palavras como: “E também precisa sempre cuidar aonde tu vai. Se tem um monte de pessoas tu não pode ir, porque é capaz de ter Covid. Principalmente tem que ter cuidado com as pessoas que têm problemas. Tipo problema de coração, tal coisas. Essas pessoas são mais sensíveis”. (Jordana - 8a). Lopes e Park (2007) en- contraram resultados semelhantes em sua pesquisa ao entrevistarem crianças de 5 a 10 anos. Elas asso- ciavam os idosos com doenças ou com dificuldades de locomoção. As crianças mais velhas também faziam relação entre velhos e a morte, relatando inclusive a morte de avós ou bisavós.

    Ainda, quando questionadas sobre seus sentimentos após retornarem para suas escolas, algumas respos- tas envolvendo a falta que sentem de seus familiares e animais de estimação vieram à tona, tais como: “Eu tenho saudade de ficar em casa brincando com o Panda, ou dando carinho no Nino [animais de estimação], ou jogando o Nino no Panda. Eu tenho saudade de ver isso, é muito engraça- do” (Matheus - 7a); sente falta “De ver a mamãe”. (Isamara

    - 8a). Devido ao fato das crianças terem ficado tanto tempo em casa, sem frequentar a escola, essa saudade das suas companhias durante o isolamento pode ser

    esperada também agora que estão de volta às escolas. A partir dos apontamentos aqui feitos, entendemos que este momento de retorno às atividades presen- ciais na escola, exige que os profissionais estejam atentos às manifestações das crianças a respeito do que viveram neste longo período de distanciamento social. Além disso, é indiscutível a necessidade de ar- ticulação com outros setores como Assistência Social, Psicologia e Programa Terapêuticos, para pensar em alternativas de apoio às crianças e aos profissionais das escolas (Campos et al., 2020). Isso possibilita um retorno acolhedor e que contemple as necessidades que o momento exige, além de buscar amenizar o im- pacto do confinamento, visando preservar a saúde fí- sica e mental de todos os envolvidos.


  3. Ideias de futuro

Quando perguntamos se as crianças acreditam que a pandemia vai acabar, algumas respostas se mostra- ram otimistas: “É óbvio. É óbvio porque a gente está se cui- dando” (Juliete - 6a); “Eu acho que vai acabar, por causa que se não, se não acabasse, já teria pessoas mais mortas e eu acho que já tá calmo esse coronavírus” (Alba - 5a), ou ainda fazem menção à vacina: “Sim, porque todo mundo está sendo va- cinado e um dia essa pandemia vai acabar”. (Victor - 8a). Ou- tras, no entanto, desacreditam no fim da pandemia e atrelam ao comportamento das pessoas frente aos protocolos de cuidado, tais como: “Eu acho que nunca vai porque as pessoas não tão respeitando as leis” (Matheus - 7a); “Eu acho que não vai acabar tão cedo, porque as pessoas não querem usar a máscara”. (Simone - 6a).

O primeiro grupo de crianças, que acreditam que a pandemia vai acabar, também trouxeram a sua visão de mundo pós pandêmico: “Vai ser muito legal porque a gente pode abraçar, pode brincar com amigo, pode fazer tudo” (Angelo - 6a); “Eu imagino que o mundo vai ser muito feliz, que as pessoas vão poder passear e tudo vai ficar muito feliz” (Alba

- 5a); “A gente vai poder tirar as máscaras, não precisa ficar passando álcool em gel. Vai ser muito diferente, daí vai ter aulas todas as semanas” (Luana - 7a); “O mundo vai ser bem diferen- te porque as pessoas vão tá mais alegres porque o Covid passou. Como se alguma coisa de legal tivesse acontecido” (Jordana - 8a); “Eu acho que o mundo vai ficar bem mais alegre também porque o mundo também tá com essa doença, então tipo, ele vai sair voando pela galáxia. Daí todo mundo vai precisar ficar sem máscara”. (Matheus - 7a).

As narrativas das crianças apontam, mais uma vez, para uma nítida visão a respeito das condições para que se possa visualizar um mundo pós pandemia. Além de novamente indicarem seus conhecimentos a respeito dos protocolos sanitários e os impactos nega-

tivos no descumprimento, conseguem projetar as pos- sibilidades ou impossibilidades para um futuro.

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A esse respeito, retomamos o que Oliveira-Formosi- nho & Araújo (2008a; 2008b) destacam sobre a partici- pação das crianças quanto a produção de significados nos contextos que fazem parte. Segundo as autoras, “as perspectivas das crianças são muito sensíveis às características estruturais e dinâmicas dos contextos em que vivem, sendo as suas interpretações feitas com referência a aspectos muito específicos, e mes- mo subtis, de tais contextos”. (Oliveira-Formosinho & Araújo, 2008a, p. 18). Neste sentido, compreendemos o valor de escutar as crianças, pois trazem em suas perspectivas a sua leitura da realidade em que vivem e o modo como elas a interpretam.


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Considerações finais

Ao final desse estudo, podemos ressaltar a importân- cia das crianças serem ouvidas em uma situação tão excepcional como a que estamos vivendo, pois não apenas mostram que têm compreensões construí- das acerca da pandemia, como também manifestam suas narrativas imaginativas e alternativas para dar conta deste momento. Também podemos inferir que as crianças compreendem a importância de se cuida- rem, bem como cuidar do outro, pois em suas falas demonstram empatia e preocupação quanto a saúde e vacinação da população.

Com esta pesquisa, nos somamos a outros estudos que defendem que as crianças precisam ser ouvidas e que suas vozes possam ser consideradas na efetivação de políticas públicas, na produção de conhecimento e na busca por alternativas para a construção de um mun- do melhor.

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As respostas das crianças também sublinham o va- lor da brincadeira e do encontro com outras crianças como dimensão estruturante para seu desenvolvi- mento, algo que entendemos que a escola, enquanto um espaço social, atende a esse direito de todos os me- ninos e meninas.

Por fim, destacamos que a partir desta pesquisa, enfatizamos a importância de se pensar em progra- mas multidisciplinares para poder dar apoio e fazer o exercício de escuta das crianças com o iminente retorno às atividades presenciais das escolas, pois além do longo período de confinamento certamente impactar as crianças e adultos, a retomada e recons- trução de uma outra normalidade se fará através da participação dos diferentes atores e do restabeleci- mento de vínculos afetivos.


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