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OBJECTIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA ONLINE: UMA EXPERIÊNCIA EDUCATIVA

Rute F. Meneses

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FCHS, Universidade Fernando Pessoa; FP-I3ID, CTEC, Universidade Fernando Pessoa


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Resumo:


Face aos desafios actuais, nomeadamente em termos de produção, divulgação e aplicação do conhecimento científico no âmbito da pandemia de COVID-19 e dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), urge optimizar as respostas da comunidade educativa. Assim, com base na literatura e em experiências prévias de ensino (próprias e de outrém), foi desenvolvido um projecto no âmbito do 1º Ciclo de Estudos em Psicologia, tendo em mente os ODS 3, 4, 5, 10, 15 e 17. O projecto envolveu os alunos do 3º ano inscritos numa unidade curricular obrigatória em 2020/21. Pretende-se partilhar esta experiência educativa, i.e., relatar o seu enquadramento, processo e resultados. A proposta foi muito bem acolhida pelos estudantes, que desenvolveram e testaram 24 vídeos de relaxamento dirigidos a adultos Portugueses. Os resultados sugerem que esta experiência educativa estimulou o desenvolvimento de competências alinhadas com os ODS e que os materiais criados e testados têm potencial para intervenção psicológica online em contexto de pandemia de COVID-19, promovendo a alteração de cognições, afectos e comportamentos relativos à saúde.


Palavras-chave:

Objectivos de Desenvolvimento Sustentável; Intervenção Psicológica Online; Estudantes Universitários


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DATA DE RECEÇÃO: 30/10/2021

DATA DE ACEITAÇÃO: 18/2/2022

2

O autor escreve segundo a antiga ortografia.

Abstract:


S A B E R & E D U C A R 3 1 / 2 0 2 2 : N O V A S F O R M A S D E P E N S A R , A T U A R E P A R T I L H A R C I Ê N C I A

Given the current challenges, namely in terms of production, dissemination and application of scientific knowledge in the context of the COVID-19 pandemic and the Sustainable Development Goals (SDGs), it is urgent to optimize the responses of the educational community. Therefore, based on the literature and on previous teaching experiences (own and from others), a project was developed within the scope of the 1st Cycle of Studies in Psychology, bearing in mind the SDGs 3, 4, 5, 10, 15 and 17. The project involved 3rd year students enrolled in a compulsory curricular unit in 2020/21. Thus, the aim of the present study is to share this educational experience, i.e., to report its framework, process and results. The proposal was very well received by the students, who developed and tested 24 relaxation videos aimed at Portuguese adults. The results suggest that this educational experience stimulated the development of skills aligned with the SDGs and that the materials created and tested have potential for online psychological intervention in the context of the COVID-19 pandemic, promoting the change of cognitions, affects and behaviors related to health.


Keywords:

Sustainable Development Goals; Online Psychological Intervention; University Students


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A OMS - Organização Mundial de Saúde (World Health Organization [WHO], s.d.a) define

eHealth as the cost-effective and secure use of information and communications technologies in support of health and health-related fields, including health-care services, health surveil- lance, health literature, and health education, knowledge and research. Clear evidence exists on the growing impact that eHealth has on the delivery of health care around the world today, and how it is making health systems more effi- cient and more responsive to people’s needs and expectations.

Assim, eHealth

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encompasses multiple interventions, inclu- ding telehealth, telemedicine, mobile health (mHealth), electronic medical or health records (eMR/eHR), big data, wearables, and even arti- ficial intelligence. The role of eHealth has been recognized as pivotal in attaining overarching health priorities such as universal health covera- ge (UHC) and the Sustainable Development Goals (SDGs) (WHO, s.d.b).

Deste modo, ao definir mHealth, o WHO Global Ob- servatory for eHealth (2011, p.6) refere que

mHealth is a component of eHealth. To date, no standardized definition of mHealth has been established. For the purposes of the survey, the Global Observatory for eHealth (GOe) defined mHealth or mobile health as medical and pu- blic health practice supported by mobile devices, such as mobile phones, patient monitoring devi- ces, personal digital assistants (PDAs), and other wireless devices.

mHealth involves the use and capitalization on a mobile phone’s core utility of voice and short messaging service (SMS) as well as more complex functionalities and applications including gene- ral packet radio service (GPRS), third and fourth generation mobile telecommunications (3G and 4G systems), global positioning system (GPS), and Bluetooth technology.

O survey realizado integrava “aumentar a conscientiza- ção pública” (raising public awareness), o que inclui o uso de productos de informação sobre saúde, jogos, ou questionários para educar os indivíduos sobre tópicos de saúde, frequentemente disponíveis para descarre- gar nos telemóveis ou como um conjunto de mensa- gens de texto que contam uma história com mensa- gens de saúde integradas. Entre os resultados, des- tacam-se: a) estas iniciativas foram pouco presentes

nas diferentes regiões da OMS, ainda que as Regiões do Mediterrâneo Oriental (28%), Europeia (28%) e das Américas (25%) tenham relatado o maior uso destas iniciativas; b) os países de elevados rendimentos con- tinham a maior proporção de países com iniciativas deste tipo (42%); c) os tópicos de saúde centrais nestas iniciativas foram saúde da mulher, abuso de álcool e drogas, cessação tabágica e VIH/SIDA; d) o nível glo- bal de actividade para este tipo de iniciativas foi um dos mais baixos, comparado com outras categorias de mHealth questionadas; e) apenas 15 países relataram exemplos específicos de programas de mHealth para aumentar a conscientização sobre tópicos de saúde, muitos dos quais usaram interfaces online (WHO Glo- bal Observatory for eHealth, 2011).

Consequentemente, a 71ª World Health Assembly (WHO, 2018), insta os Estados Membros, entre outros, to assess their use of digital technologies for health, including in health information systems

at the national and subnational levels, in order to identify areas of improvement, and to prioriti- ze, as appropriate, the development, evaluation, implementation, scale-up and greater utiliza- tion of digital technologies, as a means of pro- moting equitable, affordable and universal ac- cess to health for all, including the special needs of groups that are vulnerable in the context of digital health (p. 2).

Neste contexto, a pandemia de COVID-19 veio acele- rar a adopção (mais sistemática) de modalidades de intervenção sub-utilizadas, não só mas também ao nível da intervenção psicológica. Para além da expe- riência profissional, os dados revelam que ainda que a pandemia encerre uma diversidade de stressores com potencial impacto negativo sobre a saúde mental, nem todos os indivíduos experienciaram/têm vindo a experienciar distress psicológico (Brog, Hegy, Berger, & Znoj, 2021), sendo essencial identificar precocemente os que necessitam de apoio psicológico e fornecê-lo do modo mais imediato possível. A intervenção psicoló- gica não presencial, nomeadamente online, pode ser muito útil neste âmbito - não sendo nova (Almeida, Rebessi, Szupszynski, & Neufeld, 2021; Neufeld et al., 2021; White et al., 2020; Zamorano, Marchena-

-Consejero, Hervías-Ortega, Menacho-Jiménez, & Mera-Cantillo, 2017), a literatura científica e a prática demonstraram já as suas vantagens e obstáculos (Al- meida et al., 2021).

Em Portugal, em 2019, Carvalho et al. sublinhavam que “o surgimento de múltiplas ferramentas digitais e a possibilidade de prestação de serviços de psicologia

mediados por tecnologias da informação e da comuni- cação (TIC) contribuíram para uma transformação do panorama da prestação de cuidados de saúde” (p. 2). Justificando-se, por isso, orientação específica.

A utilização das TIC para prestar serviços de psicologia tem sido denominada por expressões como eMental health, telepsicologia, ciberterapia, e-terapia, inter- venções mediadas pelo computador/pela web, terapia/ aconselhamento online, usadas como sinónimos, ain- da que algumas delas representem somente sub-cam- pos ou ferramentas específicas, pelo que nas Linhas de Orientação para a Prática Profissional (LOPP) da OPP (Ordem dos Psicólogos Portugueses) foi usada a desig- nação mais vasta de Serviços de Psicologia Mediados por TIC, para descrever o recurso às TIC para prestar serviços de Psicologia, distinguindo as ferramentas disponíveis no âmbito das diferentes modalidades de intervenção (Carvalho et al., 2019).

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O conjunto de LOPP da OPP (Carvalho et al., 2019) tem por base o princípio geral de que a natureza do con- texto de intervenção (presencial ou online, síncrono ou assíncrono) não altera a obrigatoriedade de cumpri- mento dos princípios e orientações éticas da profissão, i.e., o Código Deontológico da OPP tem de ser respei- tado igualmente no âmbito da eHealth. Especifica- mente, as LOPP sublinham a importância do conheci- mento e da competência dos psicólogos na utilização de TIC, focam as questões relativas à identificação do psicólogo e cliente, integridade e limites da relação, consentimento informado nos serviços mediados por TIC, questões de confidencialidade e segurança de dados decorrentes da utilização de TIC, bem como as- pectos legais e de jurisdição. São também apresenta- das recomendações relativas à avaliação psicológica, intervenção com populações específicas, participação dos psicólogos no desenvolvimento de ferramentas di- gitais, intervenção em crise e investigação.

Ao focar os “grandes grupos de modalidades distintas de fornecimento de serviços de psicologia mediados por TIC”, Carvalho et al. (2019) abordam, entre outras, a “Telepsicologia/ Psicoterapia ou Aconselhamen- to Online (por videoconferência, telefone, chat ou email)”, que

consiste no fornecimento de serviços de acon- selhamento ou psicoterapia através de meios tecnológicos de informação e comunicação, no- meadamente videoconferência, telefone, email ou mensagens instantâneas (chat). A provisão destes serviços pode ocorrer de forma síncrona (com as partes – terapeuta e cliente – a comunicar em tempo real; e.g., videoconferência, telefone)

ou assíncrona (e.g., email, chat). Podem ainda ser combinados diferentes meios tecnológicos (e.g., videoconferência e email), com diferentes propósitos. Nestes casos, o processo terapêutico é estruturado à semelhança da terapia face-a-

-face e conduzido pela/o profissional (terapeu- ta), mas tem de ser adaptado ao tipo de pistas comunicacionais recebidas (Barak et al., 2009; Mohr, Burns, et al., 2013). Especificamente, a condução do processo terapêutico pode ocorrer de forma síncrona (comunicação em tempo real entre terapeuta e cliente, e.g., videoconferência) ou assíncrona (e.g., por email, chat) ou, ainda, conjugando os dois formatos com diferentes pro- pósitos (e.g., videoconferência e chat) (p. 10).

Enfatisaram também “outras possibilidades em que as ferramentas digitais e de comunicação são impor- tantes na intervenção dos/as psicólogos/as, tais como apoio a situações de crise e prevenção de suicídio, apoio a problemas duradouros de saúde mental e psi- coeducação para promoção da saúde”, acrescentando que “toda e qualquer área de intervenção da psicologia poderá beneficiar da introdução deste tipo de tecnolo- gias, tal como acontece com todas as áreas da vida so- cial quotidiana, pelo que qualquer listagem será sem- pre meramente ilustrativa e nunca exaustiva” (Carva- lho et al., 2019, p. 11). Convergentemente, Zamorano et al. (2017, s/p.) haviam referido que “E-Counseling is considered as one more way to apply psychological services in general, and also as a means of transition to bring the user to face-to-face counseling”.

Neste contexto, é de relembrar que as intervenções baseadas na internet podem diferir a vários níveis, nomeadamente no grau de apoio oferecido por parte do psicólogo: se umas disponibilizam contacto com um psicólogo (auto-ajuda com orientação) outras são completamente automatizadas (auto-ajuda sem orientação), podendo ainda as intervenções de auto-a- juda com orientação diferir na intensidade do contac- to disponibilizado (Brog et al., 2021).

Recentemente, Brog et al. (2021) desenvolveram uma intervenção de auto-ajuda baseada na internet com orientação sob pedido denominada ROCO. Esta desti- na-se especificamente aos indivíduos com distress psi- cológico devido à pandemia de COVID-19. Assim, o seu estudo, um dos primeiros do seu tipo, pretende avaliar a eficácia e viabilidade do programa ROCO. Mais con- cretamente, os autores pretendem: a) avaliar os efei- tos do programa, por comparação com uma condição de controlo de lista de espera, sobre os resultados pri- mários – sintomas depressivos – e os resultados secun-

dários – sintomas de ansiedade e stress, bem-estar, amargura e solidão; b) avaliar a aceitação e facilidade de uso do programa e tirar conclusões para desenvol- vimentos posteriores do mesmo; c) procurar predito- res, moderadores e mediadores da eficácia do progra- ma – p.e., optimismo, idade, gravidade dos sintomas depressivos e frequência de uso do programa. Trata-se de um ensaio clínico randomizado em que se compara uma intervenção combinada com o cuidado habitual com uma condição de controlo de lista de espera com apenas o cuidado habitual, almejando demonstrar a superioridade da primeira na avaliação de 3 semanas após a intervenção, sendo que os follow-up posteriores pretendem avaliar a manutenção dos potenciais ga- nhos terapêuticos.

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Já que o programa disponibiliza orientação sob pe- dido, o apoio é (apenas) fornecido quando solicitado por um participante: este pode contactar um psicó- logo, mas não há um contacto agendado, ele pode é solicitar orientação via chat, sendo informado de que obterá resposta ao seu pedido em 3 dias utéis (Brog et al., 2021).

Antes, Zamorano et al. (2017) realizaram uma revisão da literatura cujo objectivo principal era identificar estudos que avaliassem psicoterapia disponibilizada através da internet para perturbações mentais. Para o efeito, recorreram à Scopus, identificando 890 artigos publicados em Inglês entre 1 de Janeiro de 2013 e 1 de Junho de 2017, tendo 6 estudos cumprido os critérios de inclusão. Os seus resultados sugerem que este tipo de terapia pode ser eficaz, praticável e aceitável. Iden- tificaram estudos que avaliaram a utilidade de trata- mentos psicológicos específicos disponibilizados por internet em que exercícios auto-guiados, materiais para psicoeducação, registos e outras ferramentas utéis foram propostas para o tratamento de diversas perturbações ou patologias específicas. Descreveram uma forma específica de terapia online: programa de auto-terapia em módulos, que fornece psicoeducação, tarefas e registos, sendo que quem o finaliza melhora o seu bem-estar psicológico. Em resumo, os estudos revistos mostraram bons resultados, com diminuição dos sintomas dos participantes, sendo que quanto mais específico o tratamento, melhor os resultados. Consequentemente, declararam que “The results are promising and we should continue to investigate the effectiveness of these online therapies” (s/p.).

Mais recentemente, White et al. (2020) realizaram uma revisão sistemática com meta-análise de ensaios randomizados controlados sobre a evidência relativa à eficácia de intervenções psicológicas auto-dirigidas

baseadas na web em sintomas depressivos, de ansie- dade e distress em indivíduos adultos com uma condi- ção de saúde crónica. Recorrendo à Medline, PsycIN- FO, CINAHL, EMBASE e Cochrane, entre 1990 e 1 de Maio de 2019, seleccionaram 70 estudos em Inglês, fo- cando 17 condições de saúde (principalmente, cancro). As intervenções eram maioritariamente baseadas na terapia cognitivo-comportamental (66%) e incluíam um facilitador (60%). Verificou-se que, combinando todas as condições crónicas de saúde, as intervenções baseadas na web eram mais eficazes do que as condi- ções de controlo na redução de sintomas depressivos, de ansiedade e distress, ainda que as evidências rela- tivas às condições específicas fossem inconsistentes, tornando necessárias mais e melhores evidências.

Ainda mais recentemente, face à tomada de consciên- cia de que uma parte considerável da população está particularmente vulnerável ao impacto negativo da pandemia de COVID-19, nomeadamente, os profissio- nais de saúde, pais, professores e estudantes, (novas) intervenções não presenciais/online têm sido desenvol- vidas e avaliadas (p.e., Almeida et al., 2021; Neufeld et al., 2021; Ribeiro, Pereira, Gonçalves, & Sampaio, 2020).

A eficácia da Terapia Cognitivo-Comportamental disponibilizada por internet (iTCC) tem-se revelado equivalente à intervenção face a face para diversas situações clínicas, tornando possível a intervenção psicológica durante os períodos de distanciamento social/confinamentos, tendo potencial para alcançar pessoas que procuram apoio psicológico independen- temente da localização geográfica, desde que tenham acesso à internet, o que incrementa o acesso à inter- venção psicológica, incluindo iniciativas no âmbito da prevenção e promoção da saúde mental (Neufeld et al., 2021). Adicionalmente, a investigação sobre TCC de baixa intensidade, que se caracteriza por utilizar materiais de apoio, intervenções com duração de até seis horas e, normalmente, sessões mais curtas, de até 30 minutos, revela a sua eficácia em perturbações mentais comuns com sintomas leves e moderados (Neufeld et al., 2021).

Assim, com base na literatura da especialidade, Neu- feld et al. (2021) desenvolveram um grupo psicoedu- cativo com sessões estruturadas - TCC em Grupo onli- ne para gestão de ansiedade e stress, disponibilizada durante o período de distanciamento social da actual pandemia (2020). Tendo recebido 254 inscrições, entre desistências e encaminhamentos para outros projec- tos parceiros, um total de 34 participantes concluíram o programa, sendo maioritariamente mulheres, com

ensino superior completo. Ainda que a estrutura das sessões fosse a mesma para todos os grupos, traba- lhou-se em focos específicos dentro do programa, pelo que os grupos, fechados, foram organizados de acordo com o foco da ansiedade e stress percebido pelos parti- cipantes. As duas sessões de 60 a 90 minutos, com re- curso a videoconferência, na plataforma Google Meet, foram realizadas na mesma semana, preferencial- mente com um intervalo de dois dias entre sessões, podendo chegar a três dias de intervalo. Os materiais de apoio foram enviados por WhatsApp. Foram rea- lizados sete grupos com uma média de quatro parti- cipantes (com um máximo de oito), conduzidos por uma terapeuta. Para avaliar os resultados, foi utiliza- da a EVA de Ansiedade pré, durante e pós-intervenção, sendo que após a sessão as terapeutas elaboraram os relatos da sessão, incluindo as avaliações subjectivas realizadas pelos participantes.

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Pode-se constatar uma diminuição importante nos três momentos de avaliação através da EVA, ainda que, por se tratar de um relato de experiência, só se pode hipotisar que as mudanças estejam relacionadas com a intervenção, sem se poder afirmar que foram devidas à intervenção em causa. Adicionalmente, as avaliações qualitativas dos participantes são conver- gentes, sugerindo que a intervenção contribuiu para a aquisição de competências de gestão de emoções de- sagradáveis e incremento de comportamentos de au- to-cuidado (Neufeld et al., 2021).

Por seu turno, conscientes de que pouco se tem pes- quisado sobre intervenções online baseadas na Terapia Focada na Compaixão (TFC), Almeida et al. (2021), adaptando o protocolo de 12 semanas desenvolvido por Kirby et al., em 2018, desenvolveram uma intervenção online de TFC em Grupo (TFCG), de três sessões sema- nais, com 2 horas de duração por sessão, para indiví- duos com sintomas de ansiedade, depressão e stress relacionados com a pandemia de COVID-19. No seu es- tudo, almejaram verificar o seu impacto nos níveis de depressão, ansiedade, stress e auto-compaixão. Reali- zaram 12 grupos, com uma média de nove participan- tes cada, para uma amostra final de 106 participantes, sendo os grupos constituídos maioritariamente por profissionais da saúde, cujos relatos sugerem a falta de um espaço análogo à intervenção, manifestando elevada gratidão pela oportunidade de participar na mesma, o que pode ter influenciado os resultados.

Os resultados quantitativos indicam mudanças de relevo nos scores dos instrumentos administrados, que vão ao encontro dos dados obtidos através das análises qualitativas (Almeida et al., 2021). Assim,

constataram-se mudanças nos índices de depressão, ansiedade, stress e auto-compaixão, em alguns casos melhorando quatro vezes mais, segundo a percepção dos participantes, revelando os dados qualitativos a auto-conscientização dos participantes sobre a neces- sidade de auto-cuidado e auto-compaixão, bem como sobre as qualidades da compaixão. Os autores subli- nham que, já que se trata de um relato de experiência, apenas se pode hipotisar que as mudanças encontra- das estão relacionadas com a intervenção, sem se po- der afirmar com segurança que ocorreram exclusiva- mente devido à intervenção em apreço.

Em Portugal, Ribeiro et al. (2020) descreveram a li- nha de apoio psicológico por telefone SOS COVID-19, que pretende dar resposta às necessidades de apoio psicológico decorrentes da pandemia de COVID-19 da comunidade da Universidade do Minho, cumprindo as medidas de contenção (quarentena e confinamento social). Mais concretamente, almeja apoiar, de forma imediata e gratuita, a resolução de problemas relacio- nados com o impacto psicológico e comportamental da COVID-19 e impedir o seu agravamento, tratando-

-se de uma linha de intervenção psicológica em crise que funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 13h e das 14h às 18h. Os autores sublinham a sua adequa- ção para todos aqueles cujo acesso à internet é limita- do (p.e., habitando em zonas geográficas com acesso mais difícil).

A intervenção, breve, está estruturada em cinco fases:

  1. apresentação pessoal e estabelecimento de uma li- gação de confiança; b) avaliação e identificação das preocupações e problemas centrais; c) identificação de recursos e possíveis soluções alternativas; d) definição de um plano realista para implementar no imediato; e e) finalização da sessão de ajuda, assegurando que o cliente está estável, avaliando a necessidade de moni- torização da necessidade de apoio psicológico e man- tendo a disponibilidade da linha de apoio, caso neces- sário (Ribeiro et al., 2020).

Entre 18-03-2020 e 23-06-2020 foram atendidas 80 cha- madas: 50% oriundas da comunidade académica da Universidade do Minho (47% de estudantes, 1,3% de docentes e 1,3% de funcionários não docentes) e 50% da comunidade envolvente da Universidade, inserindo-

-se nas respostas de intervenção psicológica em crise que se revelaram mais apropriadas às queixas: a) escu- ta activa/validação da experiência, securização e faci- litação da regulação emocional (87,8%); b) informação/ orientação académica ou outra (22%); c) monitorização por telefone da estabilidade emocional e organização comportamental, em geral com regularidade sema-

nal (19,5%); d) encaminhamento para outros serviços (p.e., psicoterapia online ou consulta médica, 19,5%) (Ribeiro et al., 2020).

Neste contexto, com base no relato de outros projectos no âmbito do ensino da Psicologia (p.e., Meneses et al., 2011; Meneses, 2018a, 2018b, 219b, 2019b), e visto que as intervenções psicológicas raramente são vistas como contributos para os Objectivos de Desenvolvi- mento Sustentável (ODS), pretende-se relatar o en- quadramento, processo e resultados de uma experiên- cia no âmbito do ensino de Psicologia a estudantes do 3º ano relacionada com os ODS 3, 4, 5, 10, 15 e 17, que passa pela criação de recursos utéis para intervenção psicológica online em contexto de pandemia de CO- VID-19, com potencial para alterar cognições, afectos e comportamentos relativos à saúde.

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Antes de passar à explicação do processo, considera-se pertinente relembrar o conteúdo essencial dos ODS ci- tados. Assim, o ODS 3 remete para “saúde de qualida- de”, o 4 para “educação de qualidade”, o 5 para “igual- dade de género”, o 10 para “reduzir as desigualdades”, o 15 para “proteger a vida terrestre” e o 17 para “par- cerias para a implementação dos objectivos” (Nações Unidas – Centro Regional de Informação para a Europa Ocidental, s.d.). Aquele que poderá ser menos óbvio é o ODS 15. Ele foi tido em consideração pois pretendeu-

-se sensibilizar os estudantes para a redução da sua pegada ecológica na elaboração dos relatórios, elimi- nando a submissão de relatórios impressos.

Quanto aos restantes ODS, a experiência educativa em apreço pretendeu ser um contributo para a “educação de qualidade” (ODS 4) ao apoiar o desenvolvimento de “competências técnicas e profissionais, para empre- go, trabalho decente e empreendedorismo” dos estu- dantes (Global Compact Network Portugal, s.d.b) e, consequentemente, para a “igualdade de género”, ao considerar que tais competências são essenciais para “a participação plena e efetiva das mulheres” e “para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, económica e pública”, promovendo-

-se ainda “o uso de tecnologias de base, em particular as tecnologicas de informação e comunicação, para promover o empoderamento das mulheres” (ODS 5; Global Compact Network Portugal, s.d.c). Adicional- mente, os recursos desenvolvidos pelos estudantes, a serem eficazes no âmbito da intervenção psicológica online, particularmente relevante no âmbito da pande- mia de COVID-19, poderão ter um papel na “redução de riscos” e “promover a saúde mental e o bem-estar” (ODS 3; Global Compact Network Portugal, s.d.a) dos indivíduos que deles possam usufruir, e assim faci-

litar o empoderamento e a promoção da “inclusão social, económica e política” dos mesmos (ODS 10; Global Compact Network Portugal, s.d.d). Tendo em consideração que alguns países de língua oficial Por- tuguesa são países considerados menos desenvolvidos do que Portugal, a criação e disponibilização deste tipo de recursos estariam alinhadas com o ODS 17 (Global Compact Network Portugal, s.d.e).


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Método

Tendo em consideração o objectivo do presente estu- do e Duarte (2008), optou-se pelo estudo de caso, ape- sar da diversidade de pontos de vista sobre o assunto (p.e., VanWynsberghe & Khan, 2007).

No ano lectivo 2020/2021, foi proposto aos 71 inscritos numa unidade curricular (UC) obrigatória do 3º ano do 1º Ciclo de Estudos em Psicologia a criação e teste de ví- deos de relaxamento dirigidos a adultos Portugueses. Esta proposta baseou-se na experiência prévia de ensi- no online (durante o confinamento e anterior a este), na incerteza das implicações futuras da situação pandé- mica sobre o processo de ensino-aprendizagem (p.e., necessidade de novos períodos de ensino online), nos ODS e na literatura sobre impacto psicológico da pan- demia e intervenção psicológica online.

Os alunos acolheram muito bem esta proposta, pelo que foi integrada no sistema de avaliação das duas turmas da UC. A criação e teste de cada vídeo foi alvo de relatório elaborado individualmente ou em grupo de até três elementos, segundo as preferências dos es- tudantes. Cada relatório integrou ainda um pequeno contributo para uma revisão sistemática da literatura sobre o tema. Estes elementos corresponderam a 50% da classificação final na UC.

A docente elaborou um formulário de avaliação dos vídeos criados, de modo que cada grupo de trabalho fez uma avaliação dos vídeos de outros dois grupos de trabalho. O emparelhamento entre os 24 grupos finais (pois houve desistências, face à classificação obtida no 1º elemento de avaliação) foi da responsabilidade da docente. O critério principal para este emparelha- mento foi o número de elementos de cada grupo de trabalho.

Assim, cada relatório continha duas secções, sendo a A relativa ao contributo para a revisão sistemática da lite- ratura sobre construção ou validação de materiais sobre ansiedade, stress ou relaxamento, seguindo o PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) Statement (Page et al., 2021).

No que se refere à componente B do relatório, sobre a construção de materiais, esta incluía, para além das Referências bibliográficas, 3 secções: 1. Descrição sín- tética do processo (1.1. Processo de tomada de decisão relativo ao guião com base na literatura consultada (máximo 1,5 páginas); 1.2. Outros aspectos envolvi- dos); 2. Breve caracterização do material desenvolvi- do (duração do vídeo, secções, informações sobre a(s)

voz(es) e outros sons, informações sobre as imagens, etc.); 3. Resultados obtidos e reflexões sobre o pro- cesso e os resultados. Para esta última secção, foram fornecidas as seguintes instruções (apresentadas e ex- plicadas oralmente em aula e facultadas por escrito, através da universidade virtual, tal como todas as res- tantes): “deve ser inicialmente incluído o printscreen do feedback dos colegas (i.e., resultados obtidos). Devem depois seguir-se as reflexões (do grupo) sobre o proces- so e os resultados.

Aconselha-se a que cada vídeo seja visto 2 vezes: uma primeira mais experiencial, para avaliar o seu impac- to (i.e., avaliando o stress/ansiedade/relaxamento pré e pós-visualização), e uma segunda mais crítica.

O feedback dos colegas deve ser fornecido como se se- gue:


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Resultados obtidos


  1. Estado emocional inicial:   (1- Muito tenso / Com muito stress/ Com muita ansiedade / a 5 - Completa- mente relaxado / Sem stress / Sem ansiedade)

    Estado emocional final:    (1- Muito tenso / Com muito stress/ Com muita ansiedade / a 5 - Completa- mente relaxado / Sem stress / Sem ansiedade)

  2. Deve ser usada a seguinte escala para o feedback: 1 – Muito Insuficiente/Inadequado a 5 - Muito bom

Critérios

Feedback

Observações

1. Qualidade técnica da imagem



2. Diversidade de imagens: Única vs múltiplas + Estática vs dinâmica



3. Qualidade estética da imagem



4. Qualidade técnica do som



5. Diversidade do som: só voz vs música(s) de fundo



6. Qualidade estética do som



7. Clareza (/ simplicidade) das instruções



8. Ritmo e pausas



9. Modo de iniciar



10. Modo de finalizar



11. Duração



12. Créditos (nome dos autores e contexto – UC Psicologia Clínica

e da Saúde, 3º ano de Psicologia, UFP; referência do guião;

voz; fonte das imagens; fonte dos sons/ músicas)



13. Outro(s). Qual(quais)?



Resultados



Responsáveis pelo feedback (nome e número):    


NOTA: Depois das referências bibliográficas cada gru- po deve ainda incluir no seu relatório o printscreen dos feedback que forneceu. O relatório deve ser assinado por todos os membros, garantindo a autoria.”


No que concerne ao contributo para a revisão sistemáti- ca da literatura, as etapas iniciais foram realizadas em conjunto, em sala de aula. A distribuição dos artigos pelos estudantes foi realizada sequencialmente pela docente, também em contexto de sala de aula. Excep- cionalmente, a pedido dos alunos, esta distribuição foi complementada por email.

Como as aulas habitualmente se iniciavam pelo es- clarecimento de dúvidas, todos os presentes puderam beneficiar do esclarecimento das dúvidas dos colegas sobre conteúdos teóricos e aspectos práticos. Os aten- dimentos, as ferramentas de contacto síncrono e as- síncrono da universidade virtual e o email foram tam- bém meios usados para apoiar todo o processo.


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Os 49 estudantes envolvidos (até ao final) na avaliação contínua da UC em causa desenvolveram e testaram um total de 24 vídeos de relaxamento. Cada um destes vídeos foi alvo de feedback por parte de dois grupos de trabalho, constituídos por 1 a 3 elementos.

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No que concerne a variação do estado emocional (pré/ pós-visualização do vídeo), houve 8 relatos de variação em sentido negativo (diminuição do valor atribuído de acordo com a escala de 1 a 5 utilizada). Dois desses relatos foram relativos a um mesmo vídeo, i.e., não apoiaram a sua eficácia para o fim pretendido. Nos restantes casos, enquanto uma das duas avaliações sugeria um impacto negativo do vídeo, a outra ou remetia para uma melhoria do estado emocional ou para a sua manutenção (N=2).

No que diz respeito à análise crítica dos vídeos, todos os grupos de trabalho forneceram feedback quantitativo e qualitativo (coluna das observações), inclusive com bas- tante pormenor e de forma construtiva, com posiciona- mentos vários relativamente ao item 13 (outro(s)).

Quanto ao feedback quantitativo este foi, tal como o qua- litativo, muito variado. Assim, num extremo, verifica- ram-se duas avaliações a um mesmo vídeo com a mesma pontuação final, ainda que com pontuações parciais di- versas, e uma diferença de 15 pontos em relação a um ou- tro vídeo (pontuações finais de 25 e 40). No que se refere às avaliações parciais, é de destacar um vídeo que recebeu 7 pontuações mínimas (1) e uma máxima (5); um que rece- beu 2 avaliações com 9 pontuações máximas cada; assim como um outro que recebeu 12 pontuações máximas, por um lado, e 7 máximas, por outro, sem nenhuma míni- ma.

As reflexões dos grupos de trabalho sobre o processo de criação e os resultados obtidos, nomeadamente sobre a sua concordância/discordância (justificada) com o fee- dback obtido, bem como sobre estratégias para melhorar os vídeos criados, tendo em consideração o feedback obti- do, foram também frequentemente cuidadas. Tal foi ao encontro do modo, em geral, ponderado como foi descri- to o processo de criação dos vídeos e caracterizado o mate- rial desenvolvido.

É ainda de mencionar que as classificações neste compo- nente da avaliação contínua (contributo para a revisão sistemática da literatura e construção e teste de mate- riais) oscilaram entre 14,0 e 18,5, espelhando o investi- mento geralmente considerável dos alunos na elaboração dos seus vídeos e no fornecimento de feedback aos colegas, tarefa sempre difícil.


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Discussão

Considera-se que todo o processo de criação dos vídeos de relaxamento por parte dos estudantes, com o apoio da docente, promoveu o desenvolvimento de compe- tências (cf. ODS 4) que lhes permitirão, num futuro próximo, não só planificar, implementar e avaliar intervenções psicológicas (individuais e em grupo) de qualidade, como contribuir para o atingimento dos ODS 3, 5, 10, 15 e 17, nomeadamente através de tais intervenções, tornando-se também divulgadores de ciência (psicológica).

As classificações obtidas pelos estudantes são disso um indicador. Assim, esta experiência educativa apoia a convicção de que, sem pôr em causa o desempenho aca- démico dos estudantes, é possível introduzir alguma inovação no processo de ensino-aprendizagem e apoiar o desenvolvimento de competências importantes para a intervenção psicológica futura com potencial ao nível dos ODS, designadamente face aos desafios que a pan- demia acarreta.

Durante as breves apresentações informais dos grupos, nas últimas aulas do semestre, foi notório que diversos estudantes percepcionaram que a criação dos vídeos e o visionamento dos vídeos criados pelos colegas (para além dos explorados em aula) teve um efeito calmante em si, o que foi apoiado pelo feedback fornecido por escrito aos co- legas (cf. estrutura do relatório). Este efeito foi também referido como particularmente positivo face ao momento que se estava a atravessar devido à COVID-19.

Deste modo, ainda que não tenha sido desenvolvida uma intervenção psicológica online, nem a sua eficá- cia avaliada, considera-se que pelo menos alguns dos materiais desenvolvidos poderiam integrar uma in- tervenção de auto-ajuda/estudo do tipo do descrito por Brog et al. (2021), ampliando os resultados apresenta- dos nas revisões de Zamorano et al. (2017) e White et al. (2020), ao tratar-se de materiais elaborados em Por- tuguês. Poderiam também ter um papel não despre- zável em adaptações das intervenções desenvolvidas por Almeida et al. (2021), Neufeld et al. (2021) e Ribeiro et al. (2020), indo, em última análise, ao encontro do defendido na 71ª World Health Assembly (WHO, 2018). Não pode, todavia, descurar-se os resultados que reve- laram que nem todos os vídeos tiveram o efeito deseja- do nos estudantes que os visualizaram e que sugeriam (de modo quantitativo e qualitativo) que vários aspec- tos dos vídeos beneficiariam de revisão.

Por outro lado, a capacidade crítica, honestidade e

não cedência à desejabilidade social que esses resulta- dos espelham apoiam a convicção de que a experiência educativa que se sintetizou foi positiva no desenvol- vimento de competências essenciais dos estudantes e alinhada com os OSD nomeados, mormente o 3 e o 4 (Global Compact Network Portugal, s.d.a,b,c,d,e; Na- ções Unidas – Centro Regional de Informação para a Europa Ocidental, s.d.).


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Conclusão

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Face à literatura revista e materiais criados (e respec- tivo processo), pode defender-se: a combinação de actividades síncronas e assíncronas, de modo a in- crementar a participação dos clientes, ao possibilitar o acesso aos conteúdos da intervenção de acordo com a sua disponibilidade; constituir grupos com poucos participantes, devido à gestão do tempo de participa- ção de cada um e para que todos se sintam à vontade para participar, pois a modalidade online pode inibir alguns indivíduos; desenvolver programas curtos e específicos para o momento de crise; ter em atenção a familiaridade com os recursos tecnológicos (Neu- feld et al., 2021); o estudo da viabilidade da redução da duração de programas existentes; usar medidas de envolvimento; desenvolver mais ensaios clínicos ran- domizados e controlados para verificar a eficácia das intervenções, com amostras amplas e diversas (Almei- da et al., 2021); envolver activamente os estudantes de Psicologia (1º e 2º Ciclo de Estudos) em tais esforços. De facto, considera-se que tal poderá ter um papel im- portante no desenvolvimento de respostas adequadas aos clássicos e actuais desafios de saúde pública, já que a singela experiência educativa apresentada su- gere que é possível desenvolver projectos de ensino-

-aprendizagem com alguma inovação que ajudem a desenvolver competências centrais para que os (futu- ros) psicólogos tenham uma palavra relevante a dizer no âmbito dos ODS, nomeadamente através do desen- volvimento de materiais com potencial para a inter- venção psicológica online.

Espera-se, assim, contribuir com uma “forma de pen- sar, actuar e partilhar ciência”.


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